A Tradição Durkheimiana, por Randall Collins

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Chegamos agora à principal tradição da Sociologia. Estou emprestando-lhe o nome de Émile Durkheim, seu mais famoso representante. Trata-se do conjunto de idéias mais original e incomum da Sociologia. A tradição do conflito também trouxe um impacto inovador. Ela começou no submundo revolucionário e arrancou o véu que encobre as ideologias. O mundo revelado é dramático, conflituoso e pronto para eclodir. No entanto, a verdade desse mundo é fria e desoladora. As realidades escondidas são a economia, a mobilização de recursos e as lutas políticas. Não e o mundo cotidiano de nossas crenças comuns, mas uma realidade ainda mais duramente mundana.
A Tradição que veremos agora é, ao contrário, a tradição das excitações genuínas. Aqui também há uma realidade muito superficial e uma outra mais profunda. Mas, nesse caso, a superfície é constituída pelos símbolos e rituais, e bem no fundo estão a irracionalidade e o subconsciente. Essa tradição intelectual enfoca temas como as forças irracionais, a moralidade, o sagrado, o religioso – e declara que tudo isso constitui a essência de tudo o que é social. Os durkheimianos conduzem-nos para uma selva; mas essa selva somos nós mesmos, uma selva da qual nunca conseguimos escapar. Os tambores estão retumbando, as videiras se enredam ao nosso redor, os laços emotivos nos animam – e isso não é nada mais do que esse mágico espetáculo que chamamos de vida. (…) Em muitos sentidos, enquanto o conjunto de idéias mais profundas e menos óbvias da Sociologia, a tradição durkheimiana se mantém relativamente secreta entre os vários trabalhos teóricos e empíricos que estão em curso atualmente. Seu potencial para unificar a Sociologia em torno de um núcleo comum, em minha opinião, continua ainda mais poderoso do que nunca antes.

Em Quatro Tradições Sociológicas.